ATA DA TRIGÉSIMA QUARTA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 09.12.1987.
Aos nove dias do mês de
dezembro do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Trigésima Quarta Sessão Extraordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária
da Nona Legislatura. Às dezesseis horas foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Auro
Campani, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim,
Clóvis Brum, Ennio Terra, Flávio Coulon, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla,
Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Isaac Ainhorn, Jaques Machado,
Jorge Goularte, Jussara Cony, Kenny Braga, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano
José, Nilton Comin, Paulo Sant'Ana, Paulo Satte, Pedro Ruas, Rafael Santos,
Raul Casa, Teresinha Irigaray e Werner Becker. Constatada a existência de
“quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e iniciada a ORDEM DO
DIA. A seguir, foi aprovado Requerimento oral do Ver. Jorge Goularte,
solicitando alteração na ordem de votação dos Projetos constantes da Ordem do
Dia. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo
n° 42/87, por vinte e três votos SIM, com Declaração de Voto do Ver. Jorge
Goularte, após ter sido discutido pelo Ver. Adão Eliseu, encaminhado à votação
pelos Vereadores Hermes Dutra, Flávio Coulon, Aranha Filho, Jorge Goularte,
Werner Becker, Paulo Sant'Ana, Antonio Hohlfeldt, Jussara Cony e Lauro Hagemann
e ter sido submetido à votação nominal a Requerimento oral, aprovado, do Ver.
Aranha Filho. Em Discussão Geral e Votação foi rejeitado o Projeto de Lei do
Executivo n° 55/87. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei do
Executivo n° 51/87 que, após ter sido discutido pelo Ver. Antonio Hohlfeldt e
encaminhado à votação pelos Vereadores Flávio Coulon, Jorge Goularte e Cleom
Guatimozim, teve adiada sua discussão e votação por quatro Sessões a
Requerimento, aprovado, do Ver. Cleom Guatimozim. Em Discussão Geral e Votação
esteve o Projeto de Lei do Legislativo n° 111/87 que teve adiada sua discussão
e votação por uma Sessão a Requerimento, aprovado, do Ver. Cleom Guatimozim.
Ainda, foi aprovado Requerimento do Ver. Pedro Ruas, solicitando que o Projeto
de Lei do Legislativo n° 42/87 seja dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Durante
os trabalhos, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem do Ver. Mano José,
acerca da distribuição dos avulsos dos processos em votação na Casa; do Ver.
Jorge Goularte, acerca da retirada, dos anais da Casa, de expressões
anti-regimentais utilizadas durante a presente Sessão; do Ver. Aranha Filho,
acerca do “quorum” necessário para a votação do Projeto de Lei do Executivo n°
55/87; do Ver. Clóvis Brum, acerca do Requerimento do Ver. Cleom Guatimozim,
solicitando o adiamento da discussão e votação do Projeto de Lei do Legislativo
n° 42/87 e acerca da Sessão Extraordinária a ser realizada após a presente
Sessão. Ainda, durante os trabalhos, a Srª. Secretária apregoou as seguintes
Emendas, apostas ao Projeto de Lei Complementar do Executivo n° 08/87, de n°s:
07, 08, 10, do Ver. Flávio Coulon; 09, do Ver. Cleom Guatimozim e a Subemenda à
Emenda de n° 02, do Ver. Antonio Hohlfeldt; apostas ao Projeto de Lei do
Executivo n° 100/87; de n°s: 01, 02, 03, 04 e 05, do Ver. Flávio Coulon e 02
Emendas do Ver. Antonio Hohlfeldt, apostas ao Projeto de Lei Complementar do
Executivo n° 09/87 e ao Projeto de Resolução n° 41/87. Nada mais havendo a
tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às dezoito horas e dois minutos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária a ser realizada
a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha,
Gladis Mantelli e Jaques Machado e secretariados pelos Vereadores Gladis
Mantelli, Frederico Barbosa, Jaques Machado e Adão Eliseu, o último como
Secretário “ad hoc”. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. JORGE GOULARTE: Para um Requerimento, Sr. Presidente. Solicito que o
processo nº 1264 seja apreciado em primeiro lugar.
O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos
então à
PROC.
1264 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 42/87, do Ver. Pedro Ruas, que estabelece a exoneração do pagamento da
tarifa na falta de troco nos serviços de transporte coletivo do Município e dá
outras providências.
Pareceres:
- da CJR. Relator, Ver. Werner Becker: pela aprovação;
- da CFO. Relator, Ver. Auro Campani: pela tramitação;
- da CUTHAB. Relator, Ver. Paulo Sant’Ana: pela aprovação;
- da CEDECON. Relator, Ver. Rafael Santos: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE:
Em discussão. (Pausa.) Para discutir tem a palavra o Ver. Adão Eliseu.
O SR. ADÃO ELISEU:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é flagrante o desespero e as inquietações das
pessoas que não têm a mínima preocupação e a mínima ligação com os interesses
mais diretos do povo.
Vejam os
Senhores que um Projeto desta natureza, um Projeto que exonera o passageiro, no
momento em que o cobrador não tem troco, resguardando, evidentemente, as
proporções constantes do Projeto. Não se vê no horizonte, não se vê neste
Plenário a calma que deveria reinar em torno de um Projeto cujos interesses
deveriam estar totalmente ligados aos interesses populares. Nós temos uma
tarifa altíssima, não só em Porto Alegre como em todo o País. Isso é uma
evidência da inoperância, da incapacidade de governar de um grupo, de uma
quadrilha, subordinada aos interesses de grupos nacionais ou internacionais em
detrimento total dos interesses e da situação política, econômica e financeira
do trabalhador. Toda vez que se traz a esta Tribuna, a este plenário, um tema,
um Projeto, que pela sua natureza beneficia o trabalhador, nós temos problemas
para serem enfrentados. Eu reconheço que um Parlamento, a partir da Câmara
Municipal, que é o nascedouro dos problemas, onde os Vereadores recebem, de
peito aberto, os problemas da comunidade, num primeiro momento de sua caminhada
até a Câmara Federal e ao Senado eu reconheço a existência de várias tendências
ideológicas e dessas tendências eu reconheço os compromissos de grupos: alguns
estão comprometidos com os empresários, são representantes dos empresários. Eu
não vejo mal algum em ser representante dos empresários, agora eu acho que os
políticos militantes, os políticos com mandato, que assumiram o Poder
Legislativo, eu acho que têm que se assumir. Eu represento os interesses dos
mais necessitados, dos deserdados da sorte, sou oriundo de uma camada muito
pobre, muito modesta, portanto não vou trair minhas origens.
Por isso
venho à esta Tribuna para defender o Projeto que acho que não precisaria de
defesa, apresentado pelo Ver. Pedro Ruas, num momento aprazado, num momento
adequado, dirigido ao trabalhador brasileiro, quando numa revista de transporte
coletivo, editada por empresários, escreve sobre a humanização dos transportes.
Pois os empresários preferiram a humanização dos transportes. O que diríamos,
nós, Vereadores, que temos interesse direto em humanizar o transporte de todas
as formas e de todas as maneiras e sob todos os ângulos nesta Cidade de Porto
Alegre? O transporte não pode se constituir num fator de desumanização que é a
frase inicial numa matéria publicada em transporte coletivo. É uma revista dos
empresários, por sinal.
O Sr. Hermes Dutra:
V. Exa permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nós temos que ser
pragmáticos. Se o Ver. Pedro Ruas não tivesse falado quatro ou cinco tempos, se
V. Exa não fosse para a Tribuna, como eu estou fazendo, não vou para a Tribuna
para não ter mais tempo de discussão e votarmos este Projeto, ele será
imediatamente aprovado. Até agora só vi uma pessoa se manifestar contra, e não
sei se o fez de forma verdadeira ou graciosa. Todos os outros são favoráveis.
Então o apelo que faria é para que votássemos este Projeto. Talvez quem presta
um desserviço é quem está espichando a discussão. Não me inscrevi porque acho
que tem que se votar.
O SR. ADÃO ELISEU:
Aceito a contribuição de V. Exa e confesso aqui que não sabia, mantendo a
coerência, que o Plenário estava favorável. Tenho o direito de não perceber,
assim como percebo outras atitudes. Se V. Exa tem razão, não tenho outra
alternativa senão aceita-la. Aceito, sim, sua sugestão.
O Sr. Aranha Filho:
V. Exa permite um aparte? (Assentimento do orador.) Estava inscrito, mas atendo
a inúmeros pedidos e com a intenção de encurtar o tempo, não vou faze-lo, mas
faço um Requerimento à Mesa para que a votação seja nominal, uma vez que anteriormente
tinha dado o meu apoio integral ao Projeto, porém vou fazer uma ressalva, pois
votarei junto com a Bancada do PDT. Como sou o terceiro a votar, vou ficar para
a segunda chamada.
O Sr. Mano José:
V. Exa permite um aparte? (Assentimento do orador.) A discussão do Projeto me
tem levado a refletir e cheguei a uma conclusão – vou votar favorável – mas lhe
digo que o Projeto tem dois aspectos: o primeiro é que o trabalhador brasileiro
está ganhando tão pouco que dificilmente chega no ônibus com o dinheiro
trocado. Segundo, quando o cobrador não cobrar a passagem, é ele quem pagará a
passagem na prestação de contas. Não é o empresário que vai perder, Vereador,
tenho certeza disso, quem vai perder é o próprio cobrador, se houver controle
de passageiros no ônibus.
O SR. ADÃO ELISEU:
Até pode ser que V. Exa tenha razão, mas normalmente quem perde é o passageiro.
Vou
concluir dizendo que, infelizmente, não foi possível concluir antes de
terminado o meu tempo, mas é bom que se saiba. Como o nosso instrumento de
trabalho é a palavra, é bom que se fale, é bom que se discuta os projetos nesta
Casa.
De qualquer
maneira, cumpri com a minha obrigação, vim defender o Projeto que me parece uma
excelente idéia, porque gira em torno dos interesses desse usuário tão maltratado,
tão judiado por vários governos, tanto os anteriores como o atual. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis Mantelli): Não havendo mais oradores inscritos para a discussão,
submeto o Requerimento do Ver. Aranha Filho ao Plenário, pedindo votação
nominal ao referido Projeto.
Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, contra o voto do Ver. Hermes
Dutra.
Está com a
palavra para encaminhar o Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, apenas para ratificar minha
posição, eu tenho votado sistematicamente contra os pedidos de votação nominal,
e vou continuar votando contra, porque isso me cheira um princípio de
deduragem.
Então,
votarei sempre contra pedido de votação nominal. Quanto ao Projeto, já tive
oportunidade de me manifestar ao autor, vamos votar favoravelmente, porque acho
que vai ter um efeito efetivo: vai aparecer troco. O troco não vai ser difícil
e, até porque, com a inflação que estamos tendo, e com a facilidade com que o
Prefeito dá os aumentos de passagem, logo vai estar a vinte cruzados. Mas, de
qualquer forma, tem mérito e toda a Bancada do PDS votará favoravelmente. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Com a palavra, o Ver. Flávio Coulon, cinco minutos e
sem apartes.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. A Bancada do PMDB, que através
de três dos seus integrantes subscreveu aquele mandado de segurança, sentiu na
carne, quando andou de ônibus, pagando Cz$ 7,50 a falta de troco que assola os
usuários. De modo que, a Bancada do PMDB não poderia votar diferentemente, se
não por unanimidade, a favor desse Projeto. Entendemos que esse problema do
troco nos ônibus da Cidade é uma prática que até hoje não foi controlada,
unicamente, porque significa um salário extra ou uma remuneração extra por
parte do motorista e cobrador. Os mecanismos para se resolver o problema da
falta de troco são os mais variados possíveis. Porque as empresas até hoje não
vendem carnês de passagem, digamos 20, 30, 40, 50 por mês, com preço fixo, e
cada um destaca o seu ticket e entrega à empresa. Evitaríamos o problema do
troco. Vinte passagens a Cz$ 8,50, como era, daria Cz$ 170,00. Por que é que,
até hoje, não foi feito um mecanismo para superar o problema da falta de troco?
Um ticket de 50 centavos que o usuário recebe da empresa e guarda. Este Projeto
do Vereador Pedro Ruas que teve uma série de discussões de ordem jurídica,
dentro da Casa, se nos afigura politicamente um caminho muito importante no
sentido de acabar com este roubo institucionalizado que é a falta de troco no
transporte coletivo de Porto Alegre. De modo que, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, a Bancada do PMDB vota unanimente a favor deste Projeto. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Com a palavra, o Ver. Aranha Filho para encaminhar.
O SR. ARANHA FILHO:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, inicialmente eu diria que a Bancada do PFL,
composta por 6 Vereadores, está liberada para esta votação e posso adiantar que
se divide em torno do Projeto do Ver. Pedro Ruas. Porém, fiz questão de
encaminhar o referido Projeto para deixar bem clara a minha posição e dizer que
votarei a favor do Projeto do Ver. Pedro Ruas.
Diria ao Ver.
Hermes Dutra que o Requerimento que fiz á Mesa também tem algum sentido de
deduragem, mas, nobre vereador, é que sinto que o Projeto do Ver. Pedro Ruas
não tenha convencido de todo a Bancada do seu partido. Entendo que, inclusive,
diversos Vereadores do seu partido, o PDT, não estão presentes, quase que não
querendo concordar com o Vereador. É exatamente neste sentido que venho a esta
Tribuna defender o Projeto do Ver. Pedro Ruas e, mais uma vez, repito, tem
mérito. E se aqui, desta Tribuna, foi dito – e entendo demagogicamente dito –
que o problema das passagens se deve, única e exclusivamente, ao seu alto
valor, por decisão superior do Governo da União. Mais uma vez eu digo que é
demagogia, porque se o preço da passagem está alto, deve-se, única e
exclusivamente, ao Sr. Prefeito Municipal e ao Sr. Secretário Municipal de
Transportes. Não queiram com isso levar para o Governo da União – e não o
defendo – esta pecha de que eles são os responsáveis pelo custo elevado das
passagens. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Com a palavra, Ver. Jorge Goularte, para encaminhar.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é preciso e
necessário que a população saiba de algo importantíssimo: o PDT, quando era
Oposição, de megafone em punho, criticava as tarifas e o aumento das mesmas;
criticava e dizia que era um absurdo. Agora vejam que hoje, na Tribuna desta
Casa, o Vereador do PDT justifica os aumentos “porque os insumos aumentaram,
etc, etc...”. E, naquela época não aumentava? Não era a mesma coisa? Ah, não? A
demagogia barata, rasteira, insignificante, pequena, vivia a dizer que o
Governo aumentava as tarifas simplesmente pelo desejo de aumentar. Vejam bem,
que nada melhor do que um dia depois do outro, com uma noite no meio para
pensar. Agora, o PDT – que tanto, de megafone em punho, defendia a manutenção
das tarifas – apresentam os seus Vereadores Projetos demagógicos, com tarifas
ridículas só para aparecer para a população. Se o PDT tivesse sensibilidade de
colocar esta tarifa a Cz$ 10,00 não precisava troco. Mas o PDT botou Cz$ 12,00
e, nos corredores, Cz$ 11,50 – primeira vez que há uma defasagem tão pequena
entre o corredor e a tarifa social. Cinqüenta centavos, apenas. É isto que
precisa ser dito. A tarifa é taxada pelo PDT, o PDT está no Governo. O Ver.
Kenny Braga diz que quer a estatização dos transportes. Pois então que o
Prefeito do PDT, nobre socialismo crioulo destes pagos, digo, moreno, retifico
em respeito ao meu querido amigo Ennio Terra, que me pediu, pois então, que o
nobre socialismo moreno desta terra, que tanto diz que é social, que mande a
esta Casa o Projeto de estatização, sob pena de sua Bancada ficar como
conversadora fiada, como é mesmo. Só conversa fiada, só quer aparecer para a
imprensa e para as galerias. Eu, como não tenho medo das minhas posições, acho
o Projeto, mais uma vez, inócuo, inodoro, insípido e incolor. E quero ver o
Prefeito sanciona-lo! Eu vou ser um voto isolado, vou ser o único contra, pelo
que vejo na Casa. (Manifestações na Bancada do PDT). Ah, também é contra? Então
eu vou dizer como diz o Ver. Aranha Filho: vou votar com alguns elementos da
Bancada do PDT, do partido de V. Exa, Ver. Pedro Ruas. Veja que não estou tão
longe do pensamento da bancada do seu partido, da sua bancada. Agora, como é
interessante, quando as pessoas fazem oposição apenas por oposição, como fazia
o PDT, e agora ser Governo; agora, é tudo difícil, agora os insumos sobem,
agora o combustível sobe, antes não subia? Eu continuo achando que a
responsabilidade de taxar a tarifa é do Prefeito e já vou antecipando o meu
voto ao Projeto Werner Becker, sou contra, quero que o Sr. Prefeito Municipal
assuma o ônus de ser governo, aumente a tarifa, eu não vou aumentar nada, um
centavo, e se o Prefeito tivesse colocado a tarifa a 10 cruzados, não teria
sido necessário esse Projeto sobre troco. Por isso, Ver. Pedro Ruas, V. Exa que
vai ter uma esmagadora maioria, espero que não necessite derrubar vetos e não
necessite do meu voto para fazê-lo. A Bancada do PF, 100% vota contra. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Encaminha pelo PSB, o Ver. Werner Becker.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Srs. funcionários da Casa. Não
falarei em Tempo de Bancada do PSB, porque sou apenas um, mas tenho certeza de
que a futura Bancada do PSB, na próxima legislatura, votará sempre unida a
favor de projetos como este. Sr. Presidente, Ss. Vereadores, o Projeto é
extremamente simples e oportuno, não vejo qual é o interesse de alguém em
contraditá-lo; veja se, inclusive, que o Projeto teve a preocupação de mensurar
o troco até uma nota de cem cruzados. Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
Ver. Pedro Ruas, não se preocupe com os vereadores que aqui estão e não estão
ouvindo porque já têm sua posição formada. O que me preocupa são os Vereadores
ausentes e da Bancada de V. Exa. Vejo aqui presentes o Ver. Pedro Ruas, Cleom
Guatimozim, Adão Eliseu e Ennio Terra. Como de hábito, a Bancada do PDT prefere
lanchar nessas horas, nas horas do voto. Voto que até contraria os interesses
de alguns, mas não sei que estranha hora do lanche, uma às 3 da tarde, outra às
5 da tarde e que oscila como pêndulo do relógio.
Onde estão
os Vereadores do PDT para dizer “sim” ou “não”? E não é a primeira vez que
pergunto. Onde está o Ver. Cleom Guatimozim, que tenho certeza que já procurou
pelos corredores e não os achou nessa tarefa diária de tangê-los para o
Plenário?
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, ingrata a tarefa do Ver. Cleom Guatimozim de
tanger liderados. Ele já não quer o voto, ele quer a presença. Não entendo
porque que à dúvida em relação a este Projeto. Mais de cem cruzados, o troco
não é obrigatório. É até o teto de cem cruzados. Quem poderá sair perdendo com
isso? Ou será que a sovinice de alguns é tão extremada que nem isso pretende
dispor para a população? É apenas para deixar registrada uma posição de
perplexidade. Ausência, constante retirada da Bancada do PDT, da grande
maioria, neste momento, apenas, por evidente, com as exceções que temos e
muitas vezes vão votar com Veto contraditório.
O SR. PRESIDENTE:
A Mesa pede escusas a V. Exa mas pede que V. Exa desconte o tempo, pois, a Mesa
é obrigada a interferir, porque a taquigrafia está a reclamar da Mesa que não
está conseguindo apanhar o discurso. A Mesa solicita ao Plenário que
possibilite a taquigrafia apanhar o discurso do orador, sem o que não podemos
continuar o nosso trabalho.
O SR. WENER BECKER: Sr. Presidente, releve aqueles que importunaram não à mim e à
taquigrafia, afinal de contas, o óbvio não merece atenção, eu vim aqui apenas
registrar uma posição porque é tão óbvia a posição PSB em relação ao Projeto
que nem precisaria ocupar a atenção e o tempo aqui presente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Próximo orador inscrito Ver. Paulo Sant’Ana. Cinco minutos com V. Exa.
O SR. PAULO SANT’ANA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando um usuário
entra num ônibus estabelece um contrato entre o permissionário, e ele, o
passageiro um crédito de obrigação mútua, obrigação do usuário é uma só, o
pagamento da tarifa. A obrigação do permissionário é transportar até o local
desejado pelo usuário ele, passageiro, dentro dos limites do traçado do
itinerário. Mas há outras obrigações paralelas dos permissionários como a de
dar o troco ao pagamento da passagem por parte do usuário. É obrigação
concernente ao contrato. O pagamento já é feito com moeda, não é feito com
cheque, não é feito com promissória. O pagamento já é feito com moeda sonante. Uma
das desvantagens do povo brasileiro é que ele paga a passagem antes de receber
o salário correspondente a ela. Paga em dinheiro vivo e, se paga em dinheiro
vivo, tem que receber o troco em dinheiro vivo. O não recebimento do troco por
alegação de inexistência por parte do usuário é descumprimento cabal do
contrato, é desrespeito ao contrato e o ônus da existência do troco é único e
exclusivo do permissionário. O Projeto, pois, é pertinente e apropriado. Isto é
verear, isto é proteger o interesse legítimo, justo e juridicamente plausível
do usuário e munícipe. E neste momento é que a Câmara se sublima e se
“alcandora”, porque o legislador apõe uma sanção ao permissionário que só será
cumprida no caso dele ser inadimplente. No caso do permissionário tomar
cuidados respectivos quanto ao estoque de troco, não haverá sanção do
não-pagamento da passagem. Por todos esses motivos claros, inequívocos,
cristalinos, este Projeto merece a aprovação desta Casa, que o aprovará, mas é
preciso que essas coisas fiquem bem claras porque, quando nas raras
oportunidades em que podemos ter a iniciativa de uma Lei tão justa, meritória e
profícua como essa, nos reunimos para aprova-la, esse instante, toma conta da
Casa um sentido de dever cumprido que precisa ser, cada vez mais, afixado em
cada consciência de cada Vereador de porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE:
O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra por 5 minutos, para encaminhar.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. A partir do momento
em que a Lei Complementar que determina que as empresas de ônibus e as empresas
em geral devem ter troco, não é cumprida e a Secretaria Municipal dos
Transportes faz olho grosso, é omissa absolutamente na fiscalização, para que
essa Lei seja cumprida, o Projeto de Lei do Ver. Pedro Ruas ganha a sua função
e tem o seu sentido. Se o Poder Público é incapaz, ou é desinteressado de fazer
cumprir uma Lei que garantiria o interesse do passageiro, é justo que se passe,
para o próprio passageiro, a fiscalização do seu interesse. Ou seja, nós vamos
objetivar uma tática que é antiga dos Srs. empresários, que é de não pagar o
salário justo ao cobrador e deixar que ele tire do usuário. O Projeto de Lei do
Ver. Pedro Ruas, à primeira vista, pode parecer contrário ao cobrador, porque
vai criar, de fato, um choque entre o cobrador e o usuário, mas eu acredito,
Ver. Jorge Goularte, que no frigir dos ovos e evidentemente se o nosso Prefeito
não vetar o Projeto, se ele for homologado, o Projeto vai ter mérito: vai
colocar do mesmo lado, cobradores e usuários, porque o cobrador vai se sentir
pressionado no sentido de prestar contas do movimento diário de cada ônibus
onde ele está e vai passar a pressionar o empresário para que ele cumpra a Lei
correspondente que é a de entregar o troco suficiente para cada cobrador. E
nesse sentido, portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, porque tem uma
utilidade prática o Projeto do Ver. Pedro Ruas e que nós vamos apoiá-lo. E em
2º lugar, vamos apoiá-lo porque queremos ver o comportamento do Executivo.
Queremos ver se o Projeto vai ser homologado pelo Prefeito Collares e caso
resolva veta-lo será muito interessante nós vermos o Prefeito Collares dizendo
que veta e eu não sei porque, porque não é inconstitucional; não é inorgânico,
não é ilegal, só se o Prefeito Collares resolver dizer que é contrário ao
interesse público e daí vai ter que explicar que interesse público é esse: do
público usuário ou do público empresário. E me parece que nesse sentido o
Projeto também tem um mérito, ele vai definir posições, ele vai deixar claro se
o Prefeito dessa Cidade realmente respeita a sua bancada e os seus Vereadores,
como os Vereadores respeitam o Prefeito, votando os seus Projetos às vezes até
contrário as suas posições individuais, mas respeitando a decisão da bancada e
da posição de governo que representa, ou se o Prefeito vai se definir por uma
posição a favor do empresário contrário ao usuário. Porque, hoje, a Lei como se
coloca, a prática como se dá, evidentemente só tem um que lucra e é o
empresário. Com o Projeto do ver. Pedro Ruas eu acho que nós começamos a
equilibrar a situação e podemos juntar cobrador e usuário do mesmo lado,
pressionando o empresário. Isto não ocorre hoje em que o empresário tira o
corpo fora e deixa cobrador e usuário brigando, cada um mais prejudicado pela
falta de troco. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Com a palavra, a Ver.ª Jussara Cony, 5 minutos, sem apartes.
A SRA. JUSSARA CONY: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Ver. Pedro Ruas, no nosso
entender o Projeto de V. Exa, e já tivemos oportunidade de falar, tem no mínimo
três méritos. O primeiro deles é exatamente deixar de passar mais um lucro,
aliás, um lucro adicional que o empresariado do transporte coletivo tem,
retirado do bolso do usuário. Usuário que já paga uma tarifa além das suas
possibilidades, aliás, inconstitucional, levando exatamente este ônus do
usuário a aumentar os lucros do empresariado do transporte coletivo, que por
sua vez, também acho que disse bem o Ver. Antonio Hohlfeldt, explora os seus empregados,
como bom patrão, deslocando mais uma vez para o usuário do transporte coletivo.
Outro
mérito, Vereador, é exatamente proporcionar, como proporcionou nesta tarde, a
discussão aqui sim, na Câmara Municipal de Porto Alegre, de retomada de
prerrogativas que havíamos retomado e que infelizmente por uma maioria devolveu
ao Executivo, como por exemplo, legislar sobre tarifa de transporte coletivo,
como, por exemplo, avançar num processo da própria questão levantada pelo Ver.
Kenny Braga, da estatização. E um terceiro mérito, no meu entender importante,
que é também, em trazendo para esta Câmara Municipal uma discussão como esta,
colocar em xeque os compromissos desta Câmara Municipal. Se forem efetivamente
com a maioria da população que não pode pagar o que já está pagando e que ainda
é levada pela falta de troco, testar os compromissos desta Câmara Municipal com
esta maioria ou com aqueles que pelo menos neste processo até o momento, vide a
retirada da Câmara do direito, da prerrogativa de legislar sobre transporte
coletivo que está privilegiando os empresários.
Também
aliado a esta questão de testar os compromissos desta Câmara Municipal, testar,
também, os compromissos Municipal não empanam neste momento o Projeto de
autoria de V. Exa. que não entendemos como um Projeto demagógico, entendemos
como um Projeto que visa beneficiar a maioria da população desta Cidade. E ao
colocar o nosso apoio queremos chamar a importância do Sr. Prefeito Municipal,
na medida em que o Projeto, creio aprovado pela maioria desta Casa, se será ou
não vetado pelo Sr. Prefeito.
Então,
Ver. Pedro Ruas, ao ressaltar os méritos de seu Projeto que já tínhamos
colocado anteriormente em aparte a V. Exa., colocamos aqui o nosso total apoio
e oxalá seu Projeto seja um mote que precisamos para, novamente, termos aqui
tramitado nesta Câmara o projeto de autoria do Ver. Werner Becker, no sentido
de retomarmos as prerrogativas de legislarmos sobre tarifa de transporte
coletivo. Uma luta que extrapolou as fronteiras desta Casa e que esperamos novamente
contar com a participação também de V. Exa., comprometido que é com os
interesses populares.
Queremos
dizer também ao Ver. Jorge Goularte, em função de seu posicionamento que neste
momento e interessa muito mais do que testar ou não o Veto do Sr. Prefeito no
momento oportuno que o Sr. Prefeito vetar naturalmente estará demonstrado os
seus compromissos, não com a maioria da população, com o empresariado dos
transportes coletivos, no momento interessa testar os compromissos da Câmara
Municipal de Porto Alegre com a maioria da população desta Cidade que continua
a cada dia que passa ameaçada de pagar cada vez mais um transporte coletivo com
um alto preço. Aliás, no último ano – é um dado importante de se discutir –
quando a inflação atinge, digamos, até 300% o aumento do transporte coletivo
atingiu o dobro da inflação e não esquecendo também que o Sr. Prefeito abriu
mão de autonomia de legislar sobre tarifa de transporte coletivo e se submeteu
às ordens da nova República. São as contradições dentro do próprio PDT, mas que
em nenhum momento, pelo menos no momento em que estamos decidindo este Projeto
nesta Câmara e testando, sim, os compromissos desta Câmara de vermos passando
por essa Casa para aprovação, a nossa retomada da prerrogativa de legislar sobre
tarifa de transporte coletivo.
O
Sr. Prefeito, vetando ou não vetando demonstrará sus compromissos. E hoje, o
que está em jogo são os compromissos da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Tem
V. Exa. o nosso apoio e esperamos lutar juntos nas próximas etapas, não
privilegiando os transportadores do transporte coletivo, mas privilegiando a
maioria da população de Porto Alegre, como no meu entender o Projeto de V. Exa.
tem este mérito. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann, pelo PCB,
última bancada a encaminhar.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não necessitaria
vir à Tribuna para declarar o meu apoio formal ao Projeto do Ver. Pedro Ruas.
Ao longo da minha estada nesta Casa, junto com os demais companheiros temos
tido uma atuação coerente quando se trata de legislar sobre tarifas de
transporte coletivo. E o Projeto do Ver. Pedro Ruas atende a esta aspiração. É
indiscutível hoje, que a falta de troco nos ônibus de Porto Alegre agride
minuto a minuto a população sofrida desta Cidade. Principalmente quando as
tarifas são decretadas em frações de cruzados. Nunca há troco para que o
usuário receba a devolução que lhe é devida. Então, o Ver. Pedro Ruas supre
esta lacuna.
O
que me preocupa, evidentemente, é o contexto genérico desta questão do
transporte coletivo, hoje, na Cidade, no Estado e no País. Aproveito esta
oportunidade para dizer que o vale-transporte tão cantado por vários
Vereadores, por vários Legisladores não será a salvação da população
brasileira.
O
vale-transporte, dizem, vai ser pago pelos empresários com a possibilidade de
dedução no Imposto de Renda. Ora, o Leão é insaciável neste País. E o Leão não
vai abrir mão da sua fatia. O que significa isto? Que também, novamente, a
classe assalariada, as chamadas médias da população vão pagar mais Imposto de
Renda para suprir o desconto do vale-transporte. Acrescido a isso, um fato
novo, que passa desapercebido; os empresários, na presunção correta que vão se
digladiar com os empresários que vão pagar o vale-transporte estão aumentando
desmesuradamente as tarifas. Os empresários estão forçando o Executivo e o
Executivo está se prestando a esse papel de elevar desmesuradamente as tarifas
do transporte, porque isso significa uma transferência indireta de renda,
aumentada a tarifa, maior será o pagamento dos empresários, maior será o
desconto do Imposto de Renda, maior vai ser a contribuição do assalariado para
suprir esse desconto do IR. Então, estamos diante de uma parafernália diabólica.
Não vai escapar, operariado ou assalariado, de pagar o vale-transporte. Por
isso, perdoem-me pela digressão, mas aproveito para dizer isso no
encaminhamento do Ver. Pedro Ruas que, tomara, não seja vetado pelo Sr.
Prefeito. Se for vetado, aí, acho que essa Casa não terá condições de levar o
veto, por razões óbvias, já tenho um sucedâneo, que vou apresentar depois dessa
festa passada. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Secretário que procede à chamada
nominal dos Srs. Vereadores para a votação.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs.
Vereadores) Sr. Presidente, 23 Srs. Vereadores votaram SIM.
O SR. PRESDIENTE: APROVADO o
PLL nº 42/87.
(Votaram
SIM os Vereadores: Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Bernadete
Vidal, Caio Lustosa, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Gladis
Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara
Cony, Lauro Hagemann, Mano José, Paulo Sant’Ana, Rafael Santos, Raul Casa,
Werner Becker, Nilton Comin, Flávio Coulon e Pedro Ruas.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Secretário que proceda à leitura da
Declaração de Voto do Ver. Jorge Goularte.
O SR. SECRETÁRIO: (Lê.)
“Declaração
de Voto:
Um
homem, especialmente um político, deve ouvir, auxiliar, avaliar a sua posição
e, principalmente modificar esta posição, se for convencido ao contrário.
Tendo
em vista os encaminhamentos feitos pelos nobres colegas Paulo Sant’Ana e
Antonio Hohlfeldt, modifico meu posicionamento inicial que seria contrário ao
Projeto, como não sou vinculado a ninguém e não atendo apelos de ninguém. Voto
a favor do Projeto do Ver. Pedro Ruas.
(a) Ver. Jorge Goularte.”
O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Pedro
Ruas, solicitando dispensa de distribuição em avulsos e interstício para a
Redação Final do PLL n° 42/87, considerando-a aprovada nesta data.
Em
votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Solicito
ao Sr. Secretário que apregoe as Emendas que chegaram agora à Mesa.
O SR. SECRETÁRIO: São as Emendas apostas ao PLCE n° 08/87, de nºs 07,
08, 10 do Ver. Flávio Coulon: 09, do Ver. Cleom Guatimozim e a Subemenda à
Emenda de nº 02, do Ver. Antonio Hohlfeldt: apostas ao PLE n° 100/87, de nºs:
01, 02, 03, 04 e 05 do Ver. Flávio Coulon, e 02 Emendas, do Ver. Antonio
Hohlfeldt, apostas ao PLCE nº 09/87 e ao PR n° 41/87.
DISCUSSÃO
GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2057 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 55/87, que autoriza permuta de imóvel e dá outras
providências.
Pareceres:
- da CJR. Relator, Ver. Ignácio Neis: pela
aprovação;
- da CFO. Relator, Ver.Auro Campani: pela
aprovação;
- da CUTHAB. Relator, Ver. Pedro Ruas: pela
aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que aprovam o PLE nº 55/87 permaneçam sentados. (Pausa.) REJEITADO.
PROC. 1932 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 51/87, que autoriza o Município a permutar imóveis de sua
propriedade por imóveis de propriedade de Carlos Nunes da Silva e Sérgio Couto
Costa Filho.
Pareceres:
- da CJR. Relator, Ver. Caio Lustosa: pela
tramitação;
- da CFO. Relator, Ver. Auro Campani: pela
tramitação;
- da CUTHAB. Relator, Ver. Frederico
Barbosa: pela tramitação.
O SR. PRESIDENTE (Jaques Machado): Em discussão. Para discutir, o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a minha intervenção
é muito rápida em relação a este Processo. É uma área que teve, há algum tempo
atrás, uma invasão e fica exatamente atrás do Teatro Renascença. Esta área,
posteriormente, recebeu infra-estrutura de água e luz. Hoje, são cerca de 50
casas que estão colocadas aí, de madeira a maioria, uma ou outra de tijolo
simples, mais fraquinho, mais tradicional, de 6 furos. É um Processo extremamente
complexo, porque havia uma longa discussão entre proprietários particulares e
Município quanto à propriedade de uma área que ficava na fronteira das duas
áreas de permuta. Os particulares insistiam que a área era deles, o Município
insistia que era proprietário da área. Havia dois registros de cartório e, na
verdade, o registro do Município era anterior ao registro dos particulares.
Portanto, neste sentido, era o Município, efetivamente, o proprietário
principal. Num segundo momento, os particulares entenderam que, na justiça,
perderiam a questão, abriram mão e, então, se conseguiu encaminhar a permuta. É
toda aquela quadra atrás do Teatro Renascença e tem uma área vazia e uma área
invadida. Em última análise, a aprovação do Projeto significa o remanejamento e
a retirada dos invasores. Portanto, eu creio que a nossa discussão, aqui, é,
fundamentalmente, uma: que o DEMHAB garantisse, no mínimo, a transferência
daqueles vileiros para um outro local, onde eles pudessem sobreviver.
Infelizmente, no entanto, me parece que o motivo de adiamento desta discussão
não teve uma resposta do DEMHAB em relação a esta questão. Ou seja, se nós
aprovarmos o Projeto tal como se encontra redigido, que, na sua legalidade, não
temos nada a contestar, estamos abrindo, evidentemente, o precedente de que
proprietários particulares, ao fazerem acerto com o Município poderão expulsar
parte dos vileiros que se encontram na área.
A Sra. Bernadete Vidal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Não voto mais esse tipo de coisa, nem com promessa do DEMHAB, pois tenho a
triste experiência da Vila Planetário, que foi prometida uma vida melhor e nada
foi feito, e eles estão lá.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu acolho com muito prazer até porque, no ano passado,
preocupado que estava com essa situação, V. Exa. deve lembrar, fizemos um
Projeto de Lei em que anulávamos aquele Projeto original, buscando uma
alternativa e, ao contrário, buscando regularizar a Vila Planetário e o
Prefeito Collares vetou o Projeto, e não adiantou nada a mobilização de toda a
Vila, dezenas de visitas ao Sr. Prefeito para que se encaminhasse uma solução,
sem prejudicar a Associação de Deficientes, mas tentando solucionar deixando a
vila ali, encontrando um outro lugar para edificar a associação, porque, na verdade,
a situação até hoje, nem um, nem outro, levou nada: a associação fica sem o
terreno de fato, porque não consegue ocupar, e a vila não tem garantia da sua
situação futura.
A Sra. Bernadete Vidal: Permite? (Assentimento do orador.) Não se trata até
de associação, eu queria um terreno para o centro de atendimento a cegos, os
que estão nas classes comuns, em Porto Alegre.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Falo em associação, na medida em que havia uma
entidade responsável pela recepção do terreno
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador)
Ver. Antonio Hohlfeldt, segundo consta no Projeto seriam individualizadas as
duas áreas, ficariam bem definidas, o que seria particular e o que seria do
próprio Município, então lhe pergunto: será que haveria a possibilidade de
fazer um remanejo daquele pessoal que lá está para áreas do Município?
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sim, teoricamente há possibilidade, porque a área
toda hoje tem uma formação irregular, então, a Prefeitura tam uma área aqui,
outra acolá, outra lá adiante, e uma se imbrica na outra; o remanejamento de
área faz com que a Prefeitura fique com um lote global definido e o particular
com outro definido. A minha preocupação é que na verdade não temos uma garantia
de que como vai se afetar parte da área onde hoje se encontram os vileiros, não
temos como agir ou então vai se expulsar pura e simplesmente os vileiros. Esta
é minha preocupação. Do ponto de vista urbanístico e da legalidade, não tenho
dúvidas quanto ao mérito. Minha preocupação é em relação àquelas pessoas que
estão lá. Não me engano imaginando que eles fiquem naquela área, que é uma área
extremamente valorizada. Não é por aí uma melhor política. Só espero que o
Prefeito não venda aquela área também como o fez com a área frontal do Teatro
Renascença vendida à Edel que está começando a construção agora. De qualquer
maneira temos de garantir isso, ou seja, os direitos desses vileiros.
O Sr. Caio Lustosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Comungo com sua posição no sentido de que temos de respaldar a posição desses
vileiros que de repente ficarão naquela posição como colocou a Ver.ª Bernadete
Vidal, dos atuais ocupantes da Vila Planetário. Aquele episódio foi bem
demonstrativo, penoso para a Associação dos Cegos e é um precedente que devemos
evitar. A única forma de fazermos com que o Município leve em consideração os
vileiros, é em primeiro lugar fazer o que fizemos, pedir uma posição da
municipalidade. Isso não foi feito como deveria ter sido encaminhada uma
alternativa para esses vileiros.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Topograficamente a área problemática, que fica com a
Prefeitura, porque passa um córrego ali inviabilizando construções,
teoricamente. Há também, um inconveniente básico, é que a SMEC tinha um projeto
de ali construir uma escola, em substituição à atual escola de deficientes que
está caindo, então ela passaria a escola para ali, mas, a própria SMEC decidiu
não construir a escola ali porque o terreno é ruim. Então, realmente, eu tenho
dúvidas quanto ao interesse desse remanejo, ainda que do ponto de vista
urbanístico como loteamento, lote, definição de área quanto a utilização a não
ser ao nível de praça, de área verde ou de manutenção daqueles vileiros na
medida em que eles fizeram uma boa divisão dos seus lotes, já tem uma boa
infra-estrutura, estão com a sua plantação ali, as suas hortas, seus milharais
funcionando. Eu tenho acompanhado muito aquele loteamento desde os primeiros
dias e neste sentido deveríamos considerar isso em relação a nossa decisão com
a aprovação deste projeto.
O Sr. Clóvis Brum: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador)
Ver. Antonio Hohlfeldt...
O SR. PRESIDENTE: Ver. Antonio Hohlfeldt, o Ver. Caio Lustosa
inscreveu-se e cede o seu tempo a V. Exa.
O Sr. Clóvis Brum: Quando esta matéria veio à discussão e votação, há
duas sessões passadas, nós insistimos da Tribuna, encarecidamente ao Líder do
PDT pelo adiamento por duas Sessões desta matéria. Não só desta como do Projeto
anteriormente rejeitado, para que o Executivo informasse a este Plenário,
principalmente, na existência ou não de pessoas alojadas em cima desta área e
foi tão somente com esta preocupação que fizemos este pedido de adiamento.
Também nos referimos a um Projeto aprovado nesta Casa, doação para Associação
dos Cegos, Vila Planetário e que tinha 5 mil seres humanos em cima da área.
Feito isso, o adiamento, nobre Vereador, é o que nós estamos a estranhar e eu
chamo a atenção do Líder do PDT, é o desinteresse e o descaso que o Executivo
tem para com esta Casa, se fez o adiamento tão somente para que o Executivo
informasse se tinha seres humanos em cima destas áreas ou não, pois, pasmem V.
Exas., estão aí os projetos cujo adiamento levou, teve a lavra do Ver. Adão
Eliseu, Vice-Líder do PDT nesta Casa. Pois muito bem. Pasmem V. Exas. eu dizia:
os projetos estão aí, nenhuma informação. Se V. Exa. não dá esta informação
mais um equívoco desta Casa, votar um Projeto com pessoas em cima da área.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Obrigado, Ver. Clóvis Brum. Acho que sua intervenção,
acho de uma certa maneira, pelo menos no meu caso deixa bem clara a posição a
ser tomada por nós. Quer dizer, ou buscamos realmente um adiamento final para
que não se diga que estamos com má vontade, mas realmente o PDT se interessa em
nos proporcionar uma Emenda ou algo assim que nos garanta o remanejamento
destas pessoas. Ou realmente será a posição de votarmos contrários ao Projeto
porque prejudica estes moradores que ali estão.
O Sr. Clóvis Brum: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Vereador, Emenda neste Projeto é perigosa, até porque o Projeto tem implicações
outras. Acho que neste caso só cabe uma coisa, é a rejeição do Projeto nos
primeiros dias da próxima legislatura o ano que vem – o Prefeito manda outro
projeto já resolvido este problema. Nós não estamos aqui para receber um
problema que é do Executivo. Há famílias lá e o Executivo não pode fazer olhos
e ouvidos de mercador para a existência dessas famílias. Tem que resolver o
problema primeiro para depois mandar para nós autorizar a permuta e vamos
autorizar.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Acho que é importante, Ver. Clóvis Brum, insistir
nesta questão. A área é formalmente tanto a área particular quanto a área que
ficaria municipal, ela não é edificável; ela é “inedificável”, exatamente pela
existência do córrego. Inviabiliza qualquer construção. Neste sentido me parece
que onde nós podemos apostar em relação a permanência dos vileiros uma área
verde ou algo parecido, e portanto resolvemos todas as situações, mas realmente
o Projeto teria que vir sob nova forma no próximo ano.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Ver. Antonio Hohlfeldt, acho que não vejo mal nenhum em emendar aqui porque não
se trata de convênio. Mesmo que houve interesse outro – paciência. Acho que a
Casa tem o direito e até deve emendar. E quero fazer não uma maldade, mas
aproveitar para falar. Gostaria que estes projetos tivessem um “lobby” que teve
o da OAB porque vejo que o da OAB não tinha problema nenhum, enquanto que estes
coitados aqui esperem anos, permutam um terreno para compensar um prejuízo que
tiveram com esses problemas em cima.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Acho que V. Exa. não estava aqui quando eu levantei o
histórico deste Processo. Esse Processo é muito confuso e nesse caso
específico, eu não tenho muita simpatia pela posição dos proprietários, pois na
verdade eles entravaram, historicamente, o Processo até por uma disputa
jurídica com o Município, porque há dois registros em cartório. Então, essa foi
uma pendenga longa. De toda maneira, eu concordo em tese com a sua observação,
porque acho que o Projeto, do ponto de vista legal, está bem feito, houve o
acerto das partes e, portanto, nesse sentido, é evidente que interessa aos
proprietários como ao Município, resolver a situação. E tanto nesse caso como
no anterior, que acabamos de rejeitar, também me parece que o Projeto, do ponto
de vista legal, é absolutamente coreto, é um histórico longo inclusive, até por
indecisão do próprio proprietário para permuta, faleceu o proprietário
original, ficou com o filho, ficou como herança, a coisa ficou meio complicada,
mas, de toda maneira, aqui nós enfrentamos uma questão diferente, que é a
existência de pessoas sobre a área e que serão atingidas. E no meu caso
pessoal, me sinto responsável socialmente por esta questão e concordo com a sua
observação em relação ao “lobby” do Projeto que votamos ontem. Realmente, eu
lastimo que não se tenha discutido um pouco mais e daí porque eu insisti tanto
e, felizmente, encontrei apoio junto ao Ver. Pedro Ruas e ao Plenário da Casa
quanto à Emenda que apresentamos, porque acho que deve, no mínimo, salvaguardar
a autonomia desta Casa a Emenda que aprovamos ontem. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não há mais quem queira discutir. Com a palavra, o
Ver. Flávio Coulon, para encaminhar.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. É uma situação
bastante difícil essa que nos coloca a Bancada do PDT na votação desses 2
Projetos de permuta, Projetos que se arrastam desde 1976, nesta Casa. E eu me
lembro de outros projetos que esta Casa recusou por absoluta incompetência do
Executivo no tempo do Eng. João Dib, que informava mal na Exposição de Motivos
dos Processos e que levou esta Casa a rejeitar os Processos. E mais uma vez
acontece exatamente isso e os pobres dos proprietários que estão já, no caso do
Projeto anterior, sem terreno, não existe mais o terreno, passaram uma rua por
cima do terreno e até hoje o proprietário não recebeu a contrapartida. Atravessaram
o terreno com uma rua e em 1976 e até hoje ele não recebeu absolutamente nada e
hoje quando nós poderíamos reparar essa situação por falta, por incompetência
da Bancada do PDT nós somos obrigados a votar contra. Esse Projeto ora em
discussão é, exatamente, a mesma coisa. Há um interesse profundo do Município
como há interesse dos proprietários. Depois de uma negociação que tem mais de
10 anos se consegue chegar a uma divisão em dois terrenos, um ficaria para a
Prefeitura e o outro para os proprietários.
Solicitamos
o adiamento por 2 Sessões afim de que o Executivo informasse e esclarecesse
todas as dúvidas colocadas nessa Tribuna há 4, 5 dias atrás e absolutamente não
houve nenhuma explicação. É uma desconsideração, é uma falta de interesse e
esses proprietários vão levar mais 10 anos esperando uma resposta e o que é
pior de tudo como me dizia um proprietário que está na mesma situação ele tem
as únicas duas casas, o Sr. Luigi Granatta, existentes no quarteirão do Colégio
Cândido Portinari. A Prefeitura fez propostas para ele ceder essas duas casas
para poderem fechar o quarteirão. É interesse da Escola, ofereceram um terreno.
No momento em que ofereceram um terreno os preços das duas casas dele com o
terreno oferecido era igual. Aí a Câmara por má informação rejeitou o negócio.
Quando retornou o Processo a diferença já era 150 mil cruzados, por quê? Porque a avaliação da Casa dele por estar
gravada no Plano Diretor baixa a cada ano e o imóvel que a Prefeitura oferecia,
valoriza ano a ano. Ele concordou, Vereador, em pagar a diferença. A Câmara
rejeitou novamente, porque foi mal redigida a Exposição de Motivos. Hoje em
dia, a diferença de valor dos dois terrenos, aqueles dois que eram iguais, anos
atrás, é 600 mil cruzados.
Então
ele não quer mais negócio da Prefeitura e o Colégio fica lá sem poder dispor
daquele terreno e ele fica sem poder dispor das suas duas casas e sem dispor do
terreno que a Prefeitura concede. Isto aqui é exatamente a mesma coisa. Depois
de 10 anos, por absoluta falta de informação, por absoluta incapacidade da
Bancada do PDT, de trazer as informações que os Vereadores solicitam, novamente
nós vamos prejudicar uma série de proprietários de terrenos e vamos prejudicar
a Prefeitura que não consegue resolver os seus negócios.
Deste
jeito é muito difícil legislar. Eu não sei o que nós vamos dizer. Um dos
Projetos, o que recém foi rejeitado neta Casa, Ver. Nilton Comin, os
proprietários já morreram, são os herdeiros que estão pedindo que seja
resolvido o assunto. E pelo jeito os herdeiros destes herdeiros é que vão
solicitar ou vão ter o caso deslindado. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Jorge Goularte pelo Partido
Liberal pelo espaço de 5 minutos.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. É preciso que a
comunidade fique atenta às situações que acontecem nesta Casa: há Vereadores
que roncam grosso quando tem gente nas galerias, que querem votar, que querem
estatização, que querem não sei o que mais, porque a Comissão de Transporte funcione,
porque não sei o que, e, na hora de votar, ausentam-se do Plenário, não sei a
pretexto de que, porque banheiro tem um só, ali nos fundos, não pode ser
problema de banheiro. Não deve ser corredeira, corredeira numa hora destas é
brabo. Mas todos num banheiro só, fica meio difícil.
Então,
todo mundo se retirando numa hora só, só se deu epidemia. Churrio coletivo. É
brabo, é duro a gente ficar aqui recebendo críticas injustas e na hora de votar
nós é que temos que dar “quorum” e votar. É exatamente esses Projetos que
partem do Poder Executivo. A obrigação é da Bancada do Poder Executivo,
majoritária na Casa, agora nós é que somos obrigados a ficar aqui, a dar
“quorum” e ainda somos ofendidos, dizendo que somos demagogos, da direita,
fascistas, agora eu quero ver é mostrar a cara, é votar. E veja bem, eu discuti
o Projeto aqui e fui contrário ao Projeto e depois me convenci, é um direito
meu, de que eu estava errado e votei favoravelmente ao Projeto, Ver. Kenny
Braga, substituindo o seu voto, já que V, Exa. estava não sei onde. Já que V.
Exa. era tão ardoroso defensor do Projeto e não votou, então eu tive que
substituir este voto, com sacrifício pessoal, para que houvesse o número
necessário para a votação.
Agora,
nós temos aqui permuta de imóveis: o Poder Executivo manda o Projeto, é
solicitada informação, é pedido adiamento como deve fazer a Casa. Passa o
período de adiamento e não vem absolutamente nada e querem que se vote
favoravelmente. Mas como? Para que adiamento? A não ser que a bancada majoritária
na Casa preferia o sim ou não, que não se tente consertar o Projeto, porque
assim nós já teríamos votado contrariamente. Por isso, lamentamos esses
procedimentos estranhos, estas retiradas “inopinadas”, que nos deixam a pensar
quais os motivos que levam alguém a defender com tanta ênfase um projeto e, na
hora de votar, de dar o voto, de mostrar, retiram-se da Sessão. Pergunta-se:
Presidente da Comissão de Transportes onde estás que não respondes? Ver. Isaac
Ainhorn, nós precisamos de informações. Mas, na hora, aqui, estava muito
valente! Estava muito atuante, mas, agora, na hora do pega mesmo, sumiu, como
sumiram outros. Agora, e há outro detalhe, o Ver. Pedro Ruas veio aqui só para
votar o seu Projeto. Pedro Ruas, onde estás que não respondes, vem aqui dar o
teu voto, a comunidade está precisando!
São
essas coisas que acontecem. Apenas quero que a Casa fique observando o
comportamento da bancada, que é grande, mas que não é competente, tem só
tamanho!
Aliás,
a Ver.ª Bernadete Vidal é que diz isto, com muita propriedade.
Ver.
Paulo Sant’Ana, onde estás que não respondes?
Estas
coisas têm que ser ditas, alguém tem que dizê-las. É por isso que eu, quando
voto contrariamente a alguma coisa mostro a cara. Já fui suplente muitas vezes,
sei que é difícil.
Mas
sempre preferi, algumas vezes, cair da cama do que mudar o meu posicionamento.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Nós tivemos hoje,
neste plenário, um exemplo de como funcionam os parlamentos. Vimos o Projeto do
nobre Ver. Pedro Ruas, com o qual a Bancada do PDT, em sua grande maioria, não
concordava.
(Tumulto
no Plenário.)
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: A única forma de estabilidade, em uma Casa
Legislativa, é quando o parlamentar diz qual é a sua posição e firma essa
posição através dos anos. Tenho dito, desta Tribuna, qual a minha posição, em
nenhum momento fugi às minhas posições. Talvez por esse motivo, tenha sido
reconduzido tantas vezes a esta Casa.
O SR. ENNIO TERRA (Questão de
Ordem): Sr. Presidente, esse assunto é muito importante, a
comunidade está esperando que façamos alguma coisa positiva, e tem uns
Vereadores, aqui, fazendo molecagem. Espero que V. Exa. tome uma atitude, tenha
pulso para dirigir a Sessão.
O SR. PRESIDENTE: Acolho a sua Questão de Ordem. Peço aos Srs.
Vereadores que não briguem em serviço.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, indago à Mesa se o Ver. Ennio Terra
estava presente na votação anterior.
O SR. FLÁVIO COULON (Questão de Ordem): Peço que o Ver. Antonio Hohlfeldt retire sua
solicitação até porque seria uma maneira de homenagear a chegada do Ver. Ennio
Terra ao Plenário.
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, V. Exas. vão tontear a Presidência.
A SRA. BERNADETE VIDAL (Questão de
Ordem): Solicito à Mesa, ao Sr.
Presidente dos trabalhos que retire dos Anais todas estas brincadeiras que
foram feitas, inclusive, pelo Presidente. Se está tonto que ceda a outro.
Solicito que o trabalho volte a sua seriedade, porque não condiz, pelo menos,
comigo e com a maioria da Casa.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa acolhe seu pedido e convida a Sra. Vereadora,
para ser secretária “ad hoc” da Casa.
O SR. ENNIO TERRA (Questão de Ordem): Sobre a indagação do Ver. Antonio Hohlfeldt, pergunto
se ele tem mais presença aqui, nos dias de votação do que eu?
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa que não será mais concedida Questão de
Ordem e sim a palavra ao Ver. Cleom Guatimozim que está na Tribuna. V. Exa. tem
cinco minutos.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, recomeço dizendo
que estas permutas que vêm a esta Casa, quase todas não são do interesse do
Executivo, são do interesse de particulares que tiveram seus terrenos
desapropriados, muitas vezes, para a construção de importantes obras viárias e
essas permutas se arrastam por longos anos nas repartições da Prefeitura
Municipal. Nós sabemos que o Executivo é mais lerdo do que o Legislativo. Não é
o atual Executivo, todo o Executivo é mais lerdo do que o Legislativo e os
projetos, os chamados projetos “ao ao’, que vão do ao para o ao, eles demoram
anos para chegarem a esta Casa, até que são examinados pelas Comissões desta
Casa e, alguns deles, por decisões momentâneas do Plenário, chegam a ter um
triste fim como este que há pouco votamos.
Quando
o Projeto chega a esta Casa, a parte, aquele que foi desapropriado, aquele que
foi levado a assinar um termo em que ele abre mão da retrocessão, eu acho
ilegal, mas esta prática começou muitos anos atrás, quando o desapropriado é
levado por um termo da Procuradoria e abrir mão da retrocessão. Eu acho que a
retrocessão prejudica o interesse de descendentes. Então, aquele que chegou
abrir mão da retrocessão, quando chega nesta Casa, a Casa do Povo, com
representantes de todos os segmentos políticos, ele leva uma esperança, ele
cresce, se ainda vive, se ainda existe. Mas se ele não vive mais, ele não
existe mais, são os seus descendentes que se enchem de esperança, agora está na
Câmara Municipal, agora vai ser examinado pelos representantes do povo, pelo
Vereador que eu coloquei lá com o meu voto. Isso enche de esperança a parte. E,
se por uma decisão momentânea do Plenário, este Projeto chega a ser rejeitado,
esta Casa pratica uma injustiça social, muito maior do que aquela que praticou
o Executivo analisando o Processo durante anos e anos.
Srs.
vereadores, quando assumimos a Prefeitura, fomos procurados por um cidadão cujo
Projeto tramitava há 12 anos no Executivo, e era exatamente uma permuta. Este
Projeto, com o falecimento de um funcionário, a gaveta principal estava
encostada na parede, e lá, dentro da gaveta, cheia de processos, estava este
Projeto. Naquela oportunidade, mandamos a esta Casa aquele Projeto, e a Casa,
com rapidez, examinou e deu àquele cidadão o direito que ele tinha – para uns
era até de origem sagrada – de propriedade. Acho que corrigiu um grande mal e
um grande erro praticado pelo Executivo. Vejam que nós, que conhecemos este
Plenário, as suas disposições, nós que sabemos das aflições momentâneas do
Plenário, do êmbolo político que pode mover em determinados momentos, ou fazer
com que ele retroceda, achamos que, como representantes Partidários, nós
erramos muito nesta Casa, assim como erra também o Executivo.
A SRA. BERNADETE VIDAL (Questão de
Ordem): Gostaria de saber em que
tempo o Ver. Cleom Guatimozim está falando?
O SR. PRESIDENTE: No tempo marcado, Vereadora, cinco minutos.
A SRA. BERNADETE VIDAL: Que cinco minutos compridinhos!
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Para concluir, quero dizer que os primeiros cinco
minutos eu não cheguei a falar, tantas foram as Questões de Ordem, inclusive da
Ver.ª Bernadete Vidal, do Ver. Flávio Coulon, e tantos outros Vereadores, Ver.
Ennio Terra. Mas, quando se trata de permuta, eu gostaria de fazer um apelo ao
Plenário para que pensasse em todos esses fatores que nós arrolamos aqui,
agora, e que nunca é vantagem para o Executivo; a vantagem é sempre a reposição
com um direito de um particular que foi desapropriado, ou teve declaração de
utilidade pública, para fins de desapropriação de terreno ou imóvel de sua
propriedade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Sobre a mesa, Requerimento, de autoria do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando
que o Proc. 1932 – PLE 51/87, que autoriza o Município a permutar imóveis de
sua propriedade por imóveis de propriedade de Carlos da Silva e Sérgio Costa
Filho, tenha adiada a votação por quatro Sessões.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Solicito que fique esclarecido nos Anais que o
adiamento entrou exatamente após o encaminhamento feito pelo próprio PDT e
outros Partidos. Em conseqüência, os Partidos que ainda não encaminharam não
terão prejuízo do seu encaminhamento. O PMDB vai encaminhar na oportunidade da
votação final do Projeto.
O SR. PRESIDENTE:
Em março de 88, Vereador. Estamos na fase de encaminhamento...
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Não, Sr. Presidente, V. Exa. apregoou para votar o
Requerimento, sem prejuízo dos encaminhamentos.
O SR. PRESIDENTE:
É isso mesmo Vereador. Em votação o Requerimento do Ver. Cleom Guatimozim.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a
mesa, outro Requerimento. De autoria do ver. Cleom Guatimozim, solicitando que
o PLL n° 111/87 tenha adiada sua
discussão e votação por uma Sessão.
Em votação.
(Pausa.) os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Nada mais
havendo a tratar, levanto os trabalhos, convocando os Srs. Vereadores para a
Sessão Extraordinária a ser realizada a seguir.
(Levanta-se a Sessão
às 18h02min.)
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